Olá, gentes! 💜
Como comentei no Twitter e outras redes sociais recentemente, nestes últimos dias tenho estado muito absorta jogando The Alters, o jogo mais recente da 11 bit Studio, desenvolvedora e distribuidora de outros jogos muito marcantes como Frostpunk e This War of Mine. Eu me interessei por esse jogo no anúncio oficial dele no PC Gaming Show de 2022, mas não por causa do início do trailer em si, mas o fato de que no final o vídeo mostrava uma espécie de acampamento móvel. Lembro de pensar “gg mais um jogo de construir e gerenciar bases, vou querer assim que lançar!”
O que eu não estava preparada era o fato de, além de o jogo ter todos os elementos favoritos de gerenciamento de recursos e base que eu adoro, o jogo tem uma história sensacional e muito única! Eu estou até agora fazendo múltiplos playthroughs pra poder aproveitar cada aspecto da história que eu possa ter perdido em algum gameplay anterior, e cada novo jogo descubro coisas novas!
Neste review vou falar um pouco sobre todos os aspectos do jogo e dar minha opinião sobre o porquê de estar tão imersa nele!
Trailer do Jogo
Informações
- Desenvolvedora: 11 bit Studio
- Distribuidora: 11 bit Studio
- Data de Lançamento: 13/06/2025
- Status do Jogo: Lançado
- Preço: R$ 101,99 na Steam (Com oferta de lançamento por R$ 91,79 até 27 de Junho de 2025)
- Jogo Recebido Gratuitamente: Não
Review
Em The Alters você é Jan Dolski, o membro de uma expedição que se acidenta em um planeta inóspito. Ao acordar, você percebe que é o único sobrevivente. A partir dali, Jan nota que precisa cuidar sozinho da Base Móvel e, ao mesmo tempo, ele encontra o recurso que foram procurar, o Rapidium.
Após reportar a descoberta à Terra, os empregadores de Jan sugerem que ele utilize este novo recurso para ajudá-lo a sobreviver e mover a base – que corre risco de ser destruída pelo sol iminente. Surge então a ideia de criar outras versões dele mesmo para facilitar a tarefa.
E se…?
Eu não preciso dizer a ironia de eu gostar tanto de um jogo onde crio clones de mim mesma para prosperar, mas toda a história do jogo gira em torno de Jan e suas outras versões, que são criadas usando o Computador Quântico a bordo da base.
No Computador Quântico está armazenada toda a trajetória de vida de Jan Dolski, desde seu nascimento até o ponto onde ele embarca na missão, e você usa estes pontos chave da vida de dele para criar Alters que “seguiram” outro caminho a partir destes pontos, ramificando a trajetória de cada um e terminando, de uma forma diferente, na mesma missão.
Cada um destes Alters são versões alternativas de Jan, com suas próprias escolhas, cargas emocionais e desfechos da vida que geram diferente perspectivas, e esse é o ponto alto do jogo: coexistir com versões de você mesmo o tempo todo, porém com personalidades extremamente distintas.
Gerenciamento de base… mas se prepare pra correr
Como mencionei no início, a parte de gerenciamento de base e recursos foi o que me chamou a atenção a princípio, porém o jogo não tem um modo sandbox, onde você pode criar raízes em um lugar e desenvolver sua base a partir dali. O jogo é dividido em algumas Jornadas diferentes, porém cada uma delas tem o mesmo objetivo primário: fugir do Sol e voltar para a Terra.
Este é o único ponto negativo pra mim em todo o jogo. A “urgência” extrema é o que justifica Jan a criar novos Alters dele mesmo, porém ao mesmo tempo coloca uma pressão absurda para que você colete recursos e melhore sua base para alocá-los a tempo de mover sua base novamente – que é parada algumas vezes por diversos motivos – enquanto lida com a situação geral de todos os Jans habitando o refúgio. Eu senti que as vezes o jogo não dá muito tempo para absorver e aprender sobre as histórias de seus Alters, e isso pode levar a perder desfechos ou informações importantes ao longo do jogo.
Em resumo, o a pressão para seguir em frente e fugir do Sol faz com que nas Jornadas iniciais você não tenha tanto tempo quanto gostaria para conhecer melhor os Alters que você já criou, o que mais pra frente faz com que você tenha aquele gosto amargo a cada desafio que o jogo vai propor.
Dilemas morais aos montes
Conviver com os Alters não é apenas uma questão de logística — é também um mergulho emocional constante. Cada um carrega uma trajetória única, com feridas, frustrações e visões de mundo distintas. São todos versões de Jan, mas com caminhos de vida diferentes, e isso transforma até tarefas simples em dilemas inesperados.
Logo percebi que minhas decisões afetavam muito mais do que a eficiência da base. Um elogio, um item com valor simbólico (o patinho para o Jan Cientista 🤏🥹) ou uma conversa aparentemente boba no elevador podia melhorar (ou azedar) completamente o clima. Um dos momentos mais marcantes pra mim foi quando construí um espaço de convívio só porque um dos Alters mencionou com um sorriso que sentia falta de assistir a um filme com companhia. Foi trabalhoso, mas vê-los se reunirem para rir, conversar e relaxar deu um quentinho que nenhum upgrade da base conseguiria.
Essas pequenas decisões — como dar comida melhor ou entregar um objeto pessoal — não são obrigatórias para sobreviver, mas ajudam imensamente na convivência. O jogo recompensa esse cuidado de forma bem sutil: um Alter mais animado pode trabalhar melhor, colaborar mais, ou simplesmente criar um ambiente menos tenso. E quando você passa o dia gerenciando estresse, radiação e manutenção, isso faz toda a diferença.
Mas a convivência não é fácil. Há desentendimentos, ciúmes, divergências ideológicas e crises de identidade. Em certos momentos, os Alters se voltam uns contra os outros — e contra você também. Existe um sistema que mede o nível de insatisfação de cada um, e se você ignorar os sinais, as consequências podem ser graves. Não tem resposta certa: alguns preferem decisões pragmáticas, outros se ofendem com qualquer atitude fria. A única certeza é que você não vai conseguir agradar todo mundo — nem mesmo todas as versões de si mesmo.
Felizmente, o jogo oferece formas de entender melhor cada Alter, incluindo uma linha do tempo da vida deles que ajuda a prever reações e entender motivações. Mas mesmo com esse recurso, lidar com tantos “eus” exige sensibilidade, paciência… e às vezes, sorte.
Algo pra se pensar posteriormente
Conforme a história se desenvolve, fica mais e mais complicado de se desapegar dos seus Alters. Obviamente tem aqueles que definitivamente são mais queridos pra uns, enquanto outros nem tanto. No meu caso Jan Cientista e Jan Refinador são preciosos e vou protegê-los pra sempre 💜
O jogo te instiga a criar esse vínculo com cada um de seus Alters, mesmo que em níveis diferentes. O gameplay do início até o fim te deixa ponderando e pensando muito sobre tudo – até mesmo enquanto você não está jogando! Este nível de envolvimento foi algo que tive pela última vez com Detroit Become Human e eu não tinha me ligado o quanto este tipo de jogo pode ser intrigante.
O jogo também me apresentou essa música que bate muito, MUITO pesado em um momento chave do jogo 😭
Avaliação de Aspectos Gerais
A parte de gráficos do jogo é absurdamente bem feita, tanto no gameplay como nas imagens e cinemáticas gerais como as de criação de um novo Alter ou uma nova memória. O estilo de arte, apesar de simples, é muito marcante e se mantém constante do início ao fim. Visualmente, o estilo sci-fi, tons escuros e atmosfera pesada reforçam o clima de isolamento e pressão constante.
Já em relação ao áudio a trilha sonora minimalista e autoral foi feita sob medida para cada ocasião. Os sons ambientes e efeitos de maquinário reforçam o clima de solidão, enquanto a música entra de forma pontual em momentos de tensão ou reflexão. O dormitório e sala de convívio também tocam algumas músicas mais descontraídas, reforçando o ambiente social e deixando a atmosfera mais leve apenas em alguns pontos específicos, o que eu pessoalmente achei muito atencioso.
A interface é limpa e bem organizada. Os menus são bem organizados, e apesar da quantidade de informações que o jogo oferece — desde estados emocionais dos Alters até alertas técnicos da base — tudo é apresentado de forma acessível. O layout modular da base ajuda na orientação visual e contribui para a imersão. Pop-ups informativos e timelines dos Alters ajudam muito na hora de entender suas motivações e reações. Indicadores visuais de humor e desempenho facilitam o gerenciamento da equipe. Os tutoriais podem parecer muito resumidos a princípio, mas eles podem ser revisitados a qualquer momento, porém a curva de aprendizado é bem dosada e não há muita necessidade de revê-los.
Em termos de desempenho o jogo é bastante estável durante toda a experiência. O jogo se manteve fluido mesmo com múltiplas tarefas em execução ou exploração externa, sem quedas de FPS ou travamentos. Carregamentos são rápidos e não atrapalham o ritmo da progressão.
No geral, The Alters impressiona não só pela proposta, mas pelo cuidado na execução, e mesmo nos momentos mais tensos, é fácil perceber o esmero da equipe de desenvolvimento em criar um jogo coerente e envolvente.
Avaliação de Jogabilidade
A jogabilidade de The Alters gira em torno de três pilares principais: gestão da base móvel, interações com os Alters e corrida contra o tempo. Esses três elementos se entrelaçam bem, criando um ciclo de jogo que exige planejamento constante, decisões rápidas e muuuito improviso.
A base funciona como um grande organismo em movimento — literalmente. Você precisa constantemente extrair recursos, reparar módulos, construir novos setores e alocar seus Alters nas tarefas certas. Não basta ter um Jan com a habilidade necessária: você precisa garantir que ele esteja emocionalmente estável, motivado e bem alimentado. Cada tarefa bem-sucedida depende da harmonia entre eficiência técnica e equilíbrio emocional.
As interações com os Alters são profundas e vão além do funcional. Suas decisões podem gerar empatia, conflitos ou até mesmo rebeliões. A sensação de estar lidando com indivíduos completos (e não apenas “unidades produtivas”) dá ao jogo um tom mais humano do que outros títulos do gênero.
O único ponto que pode causar frustração, pra mim, é o ritmo acelerado imposto pela ameaça constante do Sol. A ausência de um modo mais livre ou sandbox pode ser sentida por quem gosta de explorar o jogo no seu próprio tempo. Ainda assim, dentro da proposta de sobrevivência sob pressão, o design cumpre maravilhosamente o que se propõe.
Conclusão
Valeu muito a pena esperar três anos inteiros pra ter a experiência de jogar The Alters. Quando me interessei no jogo pelo anúncio dele em meio a tantos outros jogos eu não esperava que ia me acabar de jogá-lo, mas aqui estou eu, no início das férias da faculdade e em uma semana de lançamento de Patch no WoW, pensando em terminar de escrever esse Review e ir jogar mais um pouco de The Alters!
O jogo não teve acesso antecipado, e pra mim isso adiciona muito na seriedade e carinho com o qual os desenvolvedores da 11 bit Studio se dedicaram a produzir e entregar esta obra prima. Em um ano com tantos lançamentos significativos em termos de games, eu realmente espero que este jogo seja um candidato a Game of The Year, mesmo sabendo que provavelmente não ganharia – afinal a concorrência com games como Clair Obscur: Expedition 33, Split Fiction e Indiana Jones and the Great Circle é muito pesada.
Em termos de nota, entre 1 e 5, eu daria 4.9 para este jogo facilmente. Só não dou um sólido 5 por não existir um modo sandbox, mas acredite quando eu digo que vale MUITO a pena dedicar um tempo a jogar e conhecer The Alters! Recomendo aproveitar o desconto de lançamento de 10% na Steam!
Obrigada por acompanhar até aqui! Bom feriado e fim de semana!